Diversas pessoas sonham em ter um imóvel na praia, no campo ou, ainda, em serem donas de propriedades como flats ou resorts. Contudo, muitas vezes o preço elevado para adquirir esses bens se torna um obstáculo, reduzindo as oportunidades de vendas no mercado imobiliário.
Porém, existe uma alternativa disponível que pode facilitar esse tipo de compra, conhecida como multipropriedade. Embora o conceito já exista há décadas e seja bastante popular nos Estados Unidos e em países da Europa, ele tem ganhado espaço no mercado brasileiro.
As empresas do setor imobiliário podem explorar esse tipo de contrato ao apresentar oportunidades aos clientes. Para tanto, é preciso compreender o funcionamento dessa modalidade e as vantagens, para mostrar ao interessado se ela vale a pena e aumentar as chances de fechar a venda.
Se você quer saber mais sobre a multipropriedade imobiliária e quer entender se vale a pena investir no potencial dessa tendência, continue a leitura e descubra.
O que é multipropriedade imobiliária?
A multipropriedade imobiliária, também conhecida como time sharing, consiste em uma forma de investimento que funciona em regime de condomínio. Nessa modalidade, diversas pessoas se tornam proprietárias de um mesmo imóvel.
Além de casas e apartamentos, ela permite trabalhar com:
- apart-hotéis;
- bangalôs;
- casas de campo;
- casas de veraneio;
- chalés;
- flats;
- pousadas;
- resorts.
Para as empresas do setor imobiliário, a multipropriedade se torna uma ótima aliada das vendas. Isso porque a ideia é proporcionar ao comprador uma experiência de uso similar a um imóvel próprio, mas com uma divisão de custos mais acessível.
Na prática, cada proprietário possui uma fração de tempo para uso do imóvel, proporcional ao investimento inicial. Dessa forma, ele poderá usufruir de uma propriedade sem ter que arcar com todos os custos envolvidos quando se é o único dono dela.
No Brasil, essa modalidade de investimento surgiu na década de 1980. No entanto, ela não teve muita repercussão na época. Apenas a partir de 2018, com a Lei n.º 13.777, essa alternativa passou a ter mais destaque e a ganhar mais popularidade no país.
Nesse vídeo, temos uma visão geral da Multipropriedade:
Como essa alternativa funciona?
Para trabalhar com imóveis vendidos no modelo de multipropriedade, é preciso entender como funciona esse tipo de negócio.
No caso, os proprietários adquirem uma fração do imóvel (cota), cujo preço pode variar conforme o empreendimento. Cada parcela equivale a um período de uso, que pode ser de poucas semanas a alguns meses por ano.
A questão referente ao tempo de uso do imóvel ao longo do ano é definida previamente em contrato. O período mínimo para cada proprietário deve ser de 7 dias. Com isso, uma propriedade pode ser dividida em até 52 pessoas.
Ao adquirir a fração de um imóvel, o comprador passa a fazer parte de uma espécie de sociedade, responsável pela gestão do empreendimento. Nesse caso, ela fica encarregada pela:
- administração do imóvel;
- manutenção;
- limpeza;
- segurança;
- além de outras questões relacionadas ao uso compartilhado.
Os proprietários também precisam pagar uma taxa de condomínio, proporcional à cota de participação. Essa taxa é usada para cobrir os custos comuns do empreendimento, como água, luz, telefone, internet e outras despesas.
Repassando todas essas informações aos clientes, eles terão mais facilidade para avaliar se a alternativa é capaz de atender às necessidades que possuem no mercado imobiliário.
Além dessas questões, a lei da multipropriedade estabelece todos os requisitos e as condições para a aplicação dessa alternativa de investimento. Entre outros pontos, a norma define que:
- a multipropriedade deve ser registrada em cartório;
- os proprietários devem ter um contrato que define as regras de uso, manutenção e despesas do imóvel
Cenário da multipropriedade no Brasil
O formato de Multipropriedades vem crescendo em popularidade no Brasil. Um bom indicador desse sucesso está no relatório Cenário de Desenvolvimento de Multipropriedades no Brasil, elaborado pela Caio Calfat Real Estate Consulting.
Entre 2021 e 2022, a oferta de empreendimentos cresceu 21,8% e o total de unidades habitacionais subiu 28,2%. O VGV ficou em R$ 41,1 bilhões.
Esses são alguns dos grandes grupos especializados em multipropriedades.
- Grupo Rio Quente
Oferece multipropriedades em Caldas Novas e Rio Quente, em Goiás, com opções de unidades em resorts de águas termais. Comprou o Grupo Costa do Sauípe, que era outro grande player do setor hotelaria e multipropriedades no Brasil. - Grupo Tauá
Possui empreendimentos em Caeté (MG), Atibaia (SP) e Araxá (MG), com multipropriedades em resorts com diversas opções de lazer. - Grupo Wish
Novo nome da GJP Hotéis & Resorts. Oferece multipropriedades em empreendimentos localizados em diversas regiões do Brasil, incluindo resorts em Porto de Galinhas (PE) e Gramado (RS). - Blue Tree
Possui empreendimentos em diversas cidades do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e Barra dos Coqueiros (SE), com opções de multipropriedades em resorts. - Grupo Itapemar
Possui empreendimentos em Ilhabela (SP) e Búzios (RJ), com opções de multipropriedades em resorts de praia.
Quais são as vantagens da multipropriedade?
Até aqui, você conheceu os principais pontos ligados à multipropriedade. Mas assim como qualquer outro investimento, ela tem prós e contras que são considerados pelos compradores. Logo, é preciso conhecê-los para auxiliar no processo de vendas, ajudando os clientes na tomada de decisão.
Por exemplo, é comum que a opção seja atrativa devido ao menor custo, já que o preço de aquisição será de apenas da cota de participação e há outros proprietários para ratear despesas gerais. Essa também é uma oportunidade de rentabilizar o imóvel por meio da locação.
Já para as empresas do mercado imobiliário, a principal vantagem é que ela facilita a venda de bens móveis e imóveis. Por esse motivo, diversas construtoras e incorporadoras estão investindo em empreendimentos com esse foco.
Como cada investidor precisa pagar menos por uma propriedade, fica mais simples encontrar pessoas interessadas. Ainda, é possível obter ganhos depois da compra do imóvel, por exemplo, por meio da cobrança de taxas de administração da propriedade.
Outras desvantagens:
- Maior rentabilidade
Como o imóvel é dividido em várias partes e cada proprietário paga pelos custos de manutenção e utilização, a multipropriedade pode gerar mais receita do que um aluguel comum. - Menor risco
Com vários proprietários, o risco financeiro do empreendimento é compartilhado, o que reduz a possibilidade de prejuízo. - Maior flexibilidade
Cada proprietário tem direito a um período determinado de uso do imóvel e pode vendê-lo, alugá-lo ou deixá-lo de herança. Isso traz mais flexibilidade para os proprietários e para a gestão do empreendimento. - Valorização do imóvel
A fração de tempo de uso pode valorizar com o tempo, gerando uma valorização do imóvel como um todo.
Quais são as desvantagens da multipropriedade?
Entretanto, é preciso estar pronto para superar as objeções dos clientes em relação ao modelo. A principal se refere à limitação ao uso, já que o proprietário terá apenas uma fração de tempo para utilizar o imóvel e não terá controle total sobre ele.
Para quem vende a propriedade, os valores mais baixos relativos à venda de apenas uma cota da propriedade também exigem um volume de vendas maior para gerar bons retornos. Isso leva a outro problema: o ciclo de vendas pode ser bem maior, e temos um custo de aquisição mais elevado.
Outras desvantagens:
- Complexidade na gestão
Gerir um empreendimento com vários proprietários pode ser bastante complexo e trabalhoso, exigindo uma estrutura de gestão bem estruturada e uma equipe capacitada. - Risco de conflitos
Com vários proprietários, pode haver divergências em relação à gestão, utilização do imóvel e outros aspectos, o que pode gerar conflitos. - Menor controle sobre o imóvel
Como o imóvel é compartilhado, a idealizadora do empreendimento tem menos controle sobre a sua utilização e manutenção, o que pode gerar problemas em relação à conservação e valorização do patrimônio. - Menor liquidez
Embora as frações de tempo possam ser vendidas, alugadas ou deixadas de herança, a liquidez do investimento pode ser menor do que em outros modelos de negócio, como a locação comum.
Quais os argumentos de venda para multipropriedade?
Se você está divulgando um empreendimento com multipropriedade, existem alguns argumentos de venda que podem ser usados para atrair potenciais compradores. Abaixo, listo alguns deles:
- Investimento seguro
A multipropriedade é um modelo de negócio seguro e com menor risco, já que vários proprietários dividem os custos de manutenção e utilização do imóvel. Além disso, é uma opção de investimento com boa rentabilidade e com a possibilidade de valorização do patrimônio. - Mais economia
Com a multipropriedade, é possível economizar no custo de uma casa de veraneio ou de um imóvel para lazer, já que cada proprietário paga apenas pela fração de tempo de uso que adquire. Isso pode representar uma economia significativa em relação à compra de um imóvel inteiro. - Flexibilidade de uso
Cada proprietário tem direito a um período determinado de uso do imóvel e pode vendê-lo, alugá-lo ou deixá-lo de herança. Isso traz mais flexibilidade para os proprietários, que podem escolher quando e como usar o imóvel. - Conforto e qualidade
Os empreendimentos de multipropriedade são geralmente construídos com padrões de qualidade elevados, oferecendo conforto, segurança e infraestrutura completa para os proprietários. - Mais facilidade
Com a multipropriedade, os proprietários não precisam se preocupar com a manutenção e limpeza do imóvel, já que esses serviços são geralmente oferecidos pela administradora do empreendimento. Além disso, a gestão do empreendimento é profissional, o que traz mais segurança e tranquilidade para os proprietários. - Mais lazer
Muitos empreendimentos de multipropriedade são construídos em áreas de lazer, com acesso a praia, piscinas, quadras, entre outras opções. Isso torna a experiência de uso do imóvel ainda mais atrativa e completa.
Se você já foi abordado pelas equipes comerciais, sabe que a questão financeira é um dos argumentos mais usados. A multipropriedade faz muito sentido como investimento, principalmente em cidades turísticas.
É importante destacar os benefícios e vantagens desse modelo de negócio, sempre com transparência e ética, para que os potenciais compradores possam tomar uma decisão consciente e informada.
Qual a diferença entre multipropriedade e timesharing?
A multipropriedade e o timesharing são modelos de compartilhamento de imóveis que possuem diferenças significativas.
A multipropriedade é quando um imóvel é dividido em várias partes e cada proprietário tem direito a uma fração de tempo de uso durante o ano. Essa fração pode variar de acordo com o contrato e a quantidade de proprietários do imóvel. Cada proprietário é dono da sua fração de tempo e pode vendê-la, alugá-la ou deixá-la de herança. Esse modelo é regulamentado pela Lei da Multipropriedade (Lei nº 13.777/2018).
Já o timesharing é quando várias pessoas têm o direito de usar um imóvel por um período específico, geralmente de uma semana, durante o ano. Essas pessoas não são proprietárias do imóvel, mas sim de um contrato que garante o direito de uso durante um período determinado. O contrato pode ter duração determinada ou indeterminada e, geralmente, é renovável. Esse modelo não é regulamentado por uma lei específica no Brasil.
Em resumo, a principal diferença entre a multipropriedade e o timesharing é que na primeira o proprietário é dono de uma fração do imóvel e pode vendê-la, alugá-la ou deixá-la de herança, enquanto na segunda o usuário tem apenas o direito de uso durante um período específico, sem ser proprietário do imóvel.
Afinal, vender imóveis em multipropriedade vale a pena?
Como a multipropriedade possui vantagens e desvantagens, não há uma resposta certa sobre trabalhar com ela. Essa pode ser uma boa oportunidade de ampliar a carteira de imóveis disponíveis e alcançar um público maior.
Para ajudar na decisão, é preciso avaliar fatores como a demanda da região e o preparo da empresa para lidar com as particularidades desse tipo de negócio. Lembre-se de que o contrato deve observar questões específicas em relação à gestão do tempo e negociação entre proprietários.
Já no momento da venda, é preciso considerar o perfil do comprador, as características do imóvel e o objetivo da aquisição para avaliar se a solução pode ser atrativa para o cliente. Em geral, a multipropriedade pode ser uma opção vantajosa para pessoas que desejam ter um imóvel de lazer sem precisar arcar com todos os custos e responsabilidades de uma propriedade completa.
Além disso, essa alternativa permite que o proprietário possa usufruir de empreendimentos de alto padrão, que poderiam ser inacessíveis em um modelo de propriedade individual. Portanto, trabalhar com a alternativa permite ampliar as oportunidades disponíveis para os clientes.
Conclusão
Ao longo deste conteúdo, você conferiu o conceito de multipropriedade e as suas características. Portanto, vale a pena considerar essa modalidade de contrato em sua empresa, já que ela pode trazer novas oportunidades de negócio.
Quer aprofundar os seus conhecimentos? Aproveite para entender sobre as imobiliárias do futuro e como será o mercado de imóveis de amanhã.